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Seminarista Antonio Marinho

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A Missão

    Irmãos e irmãs, vós sois a poção de Deus, o povo eleito e escolhido, filhos queridos de Deus Pai. Este mesmo Deus que nos chama para missão, para ir ao encontro ao encontro de Cristo que se faz presente em todos os irmãos e irmãs, convidando-nos a sair do comodismo.

    Porque será que temos tanto medo de sair em missão? No batismo somos todos enviados para serem discípulos-missionários, assumindo o envio de Jesus, assumindo o verdadeiro sentido do batismo: tornar-se cristão, o qual nos permite ir ao encontro dos que tem sede de nosso Senhor Jesus, o qual nos diz: “Ide por todo o mundo, proclamar o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Ser missionário é aderir verdadeiramente a proposta de Cristo. É caminhar em direção aos seus filhos que desconhecem a sua Palavra. Há muitos irmãos que esperam e necessitam desse encontro tão sublime com Cristo. A missão é  maneira pela qual damos sentido ao nosso batismo. Ser missionário comprometer-se com o proximo. A necessidade das missões é urgente no mundo em que vivemos, porque cada dia que passa a humanidade se distancia de Deus, e o homem se fecha no seu egoísmo, e cada dia aumenta o número daqueles que não conhecem Jesus Cristo: “O número daqueles que ignoram Cristo, e não fazem parte da Igreja, está em contínuo aumento; mais ainda: quase duplicou, desde o final do Concílio. A favor desta imensa humanidade, amada pelo Pai a ponto de lhe enviar o seu Filho, é evidente a urgência da missão” (Cf. Encíclica “Redemptoris Missio”, n. 3, do Papa João Paulo II).

    O verdadeiro sentido da missão é de levar a Boa Nova a todas as pessoas para que possam conhecer a Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus Pai, criador de todas as coisas, e de todos. Outro sentido da missão é o de conhecer a vida do povo de Deus. Desta forma, aproximando-nos  do povo contemplamos a presença real de Cristo no meio deles. Anunciar o Evangelho faz parte do discipulado de Cristo, e é um empenho constante que anima a vida da Igreja. “O zelo missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial” (Bento XVI, Verbum  Domini, n. 95). Assim, levar Jesus ao outro é torna-lo conhecido e amado, pois, não amamos aquilo que não conhecemos.

Os convidados a partirem em missão são todos os cristãos batizados que se sentem chamados a ir pelo mundo pregando o Evangelho e anunciando Jesus Cristo, Senhor e Salvador da humanidade. A missionariedade não é somente uma questão de territórios geográficos, mas de povos, de cultura e de indivíduos, propriamente porque os “confins” da fé não atravessam somente lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e mulher. O Concílio Vaticano II destacou de modo especial como a tarefa missionária, a tarefa de alargar os confins da fé, seja própria de cada batizado e de todas as comunidades cristãs: “Porque o povo de Deus vive nas comunidades, especialmente naquelas diocesanas e paroquiais, e é nelas que, de certo modo, aparece de forma visível, cabe também a estas comunidades dar testemunho de Cristo diante das nações” (Decr. Ad gentes, n. 37).

Toda a comunidade cristã é interpelada a fazer próprio o mandato confiado por Jesus aos Apóstolos de ser suas “testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra” (At 1, 8), não como um aspecto secundário da vida cristã, mas como um aspecto essencial pois, todos nós somos enviados nas estradas do mundo para caminhar com os irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo, e fazendo-nos anunciadores do seu Evangelho. A missionariedade não é somente uma dimensão programática na vida cristã, mas também uma dimensão paradigmática que abrange todos os aspectos da vida daqueles que quem em Deus.

    Com palavras carregadas de fé, Zé Vicente canta “O Deus que mim criou, me quis me consagrou pra anunciar o seu amor. É missão de todos nós, Deus chama eu quero ouvir a sua voz”. Este trecho é para nos lembrar de que todo batizado é missionário e deve estar sempre em estado permanente de missão, não deve ter moradia fixa. O missionário tem que estar sempre pronto para partir. Não se escolhe o lugar, apesar de que os lugares de missão são tantos. São muitas as terras que necessitam de irmãos dispostos e livres para ir ao encontro dos outros. Temos as terras que necessitam de evangelização: África, Filipinas, Haiti, China e Japão. Aqui no Brasil temos as regiões de missão como Amazônia, Nordeste, temos as realidades de Ruy Barbosa, Irecê e Barra que são dioceses que anseiam por missionários em suas terras, pois o povo está carente da Palavra de Deus.

    Queridos missionários, catequistas, vocacionados, religiosas e religiosas, em fim me dirijo a todos os cristãos batizados e não batizados que são chamados a serem discípulos de Jesus Cristo, nosso Salvador e Redentor do mundo. Lembro que vós caríssimos irmãos que sois o povo eleito de Deus Pai, que deseja que cada um seja sal e luz. Caros irmãos, devemos ser luz, para que possamos iluminar a todos aqueles que não conhecem ou estão na penumbra da fé. Somos chamados a sermos sal da terra, para que os outros experimentem o sabor da vida com Jesus, luz das nações.

    Por fim, quero lembrar a todos os batizados e aos não batizados, que o convite da missão é feito pelo próprio Jesus. O caráter missionário é de toda a Igreja e nós devemos assumi-la com responsabilidade, e sem medo de anunciar o Evangelho. O desejo aqui expresso é este: “A Palavra do Senhor se propague e seja glorificada”. (2 Ts 3, 1). Como nos lembra o arcebispo de Londrina-PR, Dom Orlando Brandes: “Bíblia na mão, no coração e pé na missão”!

Solenidade de Todos os Santos

 

    Em 1º de novembro, a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos, “dos canonizados e dos não canonizados: de todos os cristãos[1]” que agora vivem na presença de Deus, “depois de terem seguido Cristo durante a sua vida. A origem da festa tem indícios de ter o seu gênese no século VII, contudo, a fixação de sua data só foi feita no século IX”[2].

  Todos os fiéis são chamados à santidade por meio do batismo. “Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito[3]”, “como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder[4]”. Pelo Batismo, recebemos a graça de Deus e a Santíssima Trindade vem habitar em nós. Tornamo-nos templos do Espírito Santo de Deus e devemos nos abrir a graça da santificação. Ser santo é, portanto, viver o amor puro a Deus e aos irmãos, os santos são aqueles que buscaram viver o Evangelho de maneira plena.

   “O culto aos Santos começou, sobretudo, com a recordação dos mártires, a partir já do protomártir Estêvão. Honrar os Santos significa, antes de tudo, honrar a Deus Pai, o todo Santo. As pessoas podem ser chamadas “santas”, enquanto souberem imitar, embora tenham tido suas debilidades, a santidade de Deus, segundo o antigo mandamento: ‘Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’ (cf. Lv 19,2)”.[5]

   O Batismo nos imerge no mistério pascal de Cristo, por ele somos lavados de todos os pecados e temos a nossa vida configurada a vida de Cristo. Nele recebemos o caráter de discípulos de Cristo, isto é, tornamo-nos um imitador do Senhor, pois isso é ser discípulo. O seguidor de Jesus, não somente vivencia a dimensão querigmática, o anuncia a sua palavra, mas também a martíria, isto é, o testemunho, o qual deve ser meio de evangelização.

   Os Santos são o melhor fruto da Páscoa de Jesus Cristo. Foram aqueles que escutaram a Palavra do Senhor e buscaram pô-la em prática, tomaram a Sagrada Escritura como manual de vida. “Todo o amor autêntico que manifestamos aos bem-aventurados dirige-se, por sua própria natureza, a Cristo e termina nele, ‘coroa de todos Santos’”[6]. “E um dos Anciãos falou comigo e perguntou: ‘Quem são esses vestidos com roupas brancas? De onde vieram?’. Eu respondi: ‘Tu é que sabes, meu senhor’. E então ele me disse: ‘Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro[7]’”.

 

[1] ALDAZÁBAL, José. Vocabulário básico de liturgia

[2] Idem

[3] cf. Mt 5,48

[4] cf. 1Pd 1,15

[5] ALDAZÁBAL, José. Vocabulário básico de liturgia

[6] Idem

[7] cf. Ap 7,14

Seminarista Diego Macário

Celebração da Vida: É salutar rezar pelos mortos

   A Igreja Católica desde os primórdios presta culto aos fiéis defuntos. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “há um reconhecimento cabal da comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos.[1]” Isto porque é salutar rezar pelos mortos, como nos afirma o Livro dos Macabeus: “Mas, considerando que existe uma bela recompensa guardada para aqueles que são fiéis até à morte, então esse é um pensamento santo e piedoso. Por isso, mandou oferecer um sacrifício pelo pecado dos que tinham morrido, para que fossem libertados do pecado.[2]” Isto é, o sacrifício serviu para a purificação dos pecados dos falecidos, a fim de alcançarem o paraíso e ao mesmo tempo, eles intercederem por nós.

   Acreditamos, afirma o Eu Creio que, “na morte, Deus vem ao nosso encontro. Os olhos que a morte fechou abrem-se. Estamos diante de Deus: cada um com a sua própria história, o seu amor e a sua culpa. Com tudo que fez de bem e de mal: para o agrado de Deus e dos nossos semelhantes ou para os desagradar. Cremos que este encontro tenha uma importância vital[3]”. Por sua vez, é muito interessante o que nos diz o prefácio da Celebração aos fiéis defuntos: “para todos aqueles que em ti acreditam Senhor, a vida não termina, apenas se transforma; e ao deixar a sua morada terrestre, eles têm já preparada uma morada eterna nos céus.” A morte marca o fim da vida terrestre e o começo da vida eterna: a alma separa-se do corpo em putrefação. Encontra Deus no julgamento particular. No dia de Deus, quando Jesus voltar na sua glória, todos os mortos ressuscitarão, as suas almas irão se unir ao corpo “transfigurado[4]”.

   Por fim o Catecismo da Igreja Católica continua afirmando que se crer na “comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados no céu, formando, todos juntos, uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e de seus santos está sempre à escuta de nossas orações[5]”. Portanto, esse caminho de cultos aos fiéis defuntos, nos apresenta uma certeza de vida perene. Assim, como Cristo Jesus passou pela morte e Ressuscitou, nós acreditamos nesta realidade e esperamos vigilantes, mesmo tendo feito a nossa Páscoa, a nossa gloriosa ressurreição, em que contemplaremos face a face[6], Àquele que nos chamou a vida e nos salvou. Graça 

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[1] CIC, n. 958.

[2] BÍBLIA, N.T. 2 Macabeus 12:45-46

[3] Eu Creio – Pequeno Catecismo Católico, p. 86.

[4] Idem, p. 87.

[5] CIC, n. 962.

[6] BÍBLIA, N.T. 1 Coríntios 13,12.

Referência

BÍBLIA DO PEREGRINO. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2005.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 9. ed. São Paulo: Loyola, 1999.

EU CREIO – PEQUENO CATECISMO CATÓLICO. 3. ed. Brasil: Verbo Divino, 1999, pp. 86-87.

Seminarista Ermenson Nascimento

À espera de uma visita

 

   No calendário litúrgico da Igreja Católica, este tempo que estamos vivendo é chamado de advento. A palavra advento vem do latim adventus/adventum e significa vinda, chegada. Para os católicos, é o tempo que antecede o Natal, isto é, a data em que comemoramos o nascimento de Jesus, o Salvador da humanidade, por meio da sua encarnação. “E o verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).

   Este período é um tempo curto de quatro semanas, muito semelhante ao tempo da quaresma até mesmo pela cor litúrgica que se usa, o roxo, exceto nas festas e solenidades que acontecem dentro deste tempo, como a solenidade de Nossa Senhora da Conceição quando se recomenda o uso da cor branca, e o terceiro domingo do advento, quando se utiliza a cor rosa. O maior diferencial é que, na quaresma, vivemos num processo de penitência e Jejum, já no advento, vivemos na alegria da esperança-certeza. Porém, isso não anula o caráter de penitência e conversão, ao longo do advento.

  Uma característica marcante do advento é a espera. Todos nós costumamos no final de ano esperar por alguém que virá nos visitar. Pode ser um irmão que mora no exterior, um amigo de outra cidade, ou até mesmo um vizinho nosso. Ao recebermos a notícia de que este alguém virá até a nossa casa, logo nos mobilizamos para que a casa fique arrumada e o espaço aconchegante para recebermos tal visita.

   A partir de então, começamos a organização: se por acaso a pintura da casa estiver em processo de desgaste, logo mudamos a pintura, trocamos os móveis, fazemos uma reforma extraordinária, tudo isso para agradar o visitante e proporcionar para o mesmo um bem estar. Às vésperas da chegada, matamos a galinha mais gorda, compramos o melhor vinho, preparamos os melhores pratos possíveis, fazemos um verdadeiro banquete.

   É chegado, portanto, o dia esperado. Eis que a visita vem chegando! À visita as saudações de boas vindas, o convite a entrar. Ela por sua vez, entra, senta-se, come, bebe diverte-se, passam-se dois ou três dias. Depois, arruma as malas e volta para o destino de onde veio. Às vezes nem se lembra de agradecer pela recepção e tudo volta a ser como era antes até que no próximo ano ou quem sabe anos mais tarde ela possa voltar para uma nova visita. E nada de extraordinário acontece, nem na vida de quem partiu, tampouco na de quem ficou, senão a saudade e a lembrança dos bons momentos.

   Semelhantemente, acontece no advento, esperamos uma visita especial, Jesus, o Emanuel, Deus conosco. Para recepcioná-lo, costumamos preparar o presépio ou lapinha. Enfeitamo-la e, na feliz espera, nas vésperas do Natal, depositamos nela o Deus Menino para a nossa contemplação. Esta é uma tradição antiquíssima e bastante significativa ainda que simbólica. No entanto, existe uma diferença entre ambas as visitas. A primeira chega, desfruta do espaço, mas vai-se embora. A segunda, porém, mais que uma visita, chega para ficar. Por isso, não deveria ser esquecida depois da sua simbólica partida, isto é, depois do Natal.

   A casa desgastada, desarrumada, bagunçada e que precisa de grandes mudanças e reformas como a citada anteriormente, é o nosso coração. Ele necessita de transformações para ser espaço digno de receber Jesus, a grande novidade de final de ano. Ele com certeza deseja fazer do presépio o nosso coração, da nossa casa a sua morada, um espaço simples, sem grandes ornamentações, porém aberto a grandes mudanças.

   Que o tempo do advento, tempo de esperança e alegria, nos ajude a reconhecer na pessoa daquele que virá nos visitar, o modelo perfeito de justiça, para que assim nos empenhemos na grande revolução do amor, isto é, não nos conformando com a realidade, mas lutando para transformá-la. Comecemos, pois pela transformação e reforma do interior do nosso coração. Assim, Jesus fará não uma simples visita, mas, diferentemente daquela visita que chega e vai embora, Ele permanecerá na nossa casa, com cada um de nós não em um tempo determinado, mas para todo o sempre.

Seminarista Edmilson Pereira
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